Controle de gastos e orçamento
Controle de gastos e orçamento básico
Uma pessoa pode se sentir perdida com tantas contas, mas controlar os gastos é o passo fundamental para sair do vermelho.
Depois de entender sua situação e comportamento, é hora de partir para a organização financeira prática. Isso significa controlar seus gastos e montar um orçamento mensal básico – em outras palavras, dizer para o seu dinheiro para onde ele deve ir, em vez de se perguntar para onde ele foi. Você pode usar um caderno, planilha simples ou aplicativos de controle financeiro (existem vários gratuitos). O importante é anotar tudo que ganha e gasta.
Comece separando seus gastos mensais em categorias, para enxergar melhor para onde o dinheiro está indo. Nath Finanças recomenda uma classificação em cinco categorias principais:
- Gastos Fixos: Despesas essenciais que ocorrem todo mês e geralmente têm valores semelhantes. Exemplo: aluguel ou parcela da casa, condomínio, prestações fixas, plano de saúde, mensalidades escolares, etc.
- Gastos Variáveis: Despesas essenciais ou importantes que ocorrem regularmente, mas cujo valor varia conforme o uso. Exemplo: conta de luz, água, gás, supermercado, combustível – você tem todo mês, mas pode controlar o consumo para gastar menos.
- Gastos Extras (Imprevistos): Despesas não planejadas que aparecem de repente. Exemplo: remédio ou consulta médica emergencial, conserto do carro, arrumar um vazamento, substituição de um eletrodoméstico quebrado. (Dica: após organizar as finanças, vamos querer formar uma reserva de emergência para cobrir esses sustos no futuro).
- Lazer e Supérfluos: Aqui entram os gastos não essenciais com você mesmo, família e amigos – aquilo que costuma estourar o orçamento quando não há controle. Pode ser desde streaming, pedidos de comida, idas a bares/restaurantes, roupas e eletrônicos novos, viagens, assinaturas, hobbies, etc. Tenha sinceridade aqui: às vezes muitas pequenas compras “bobas” somam um valor grande no mês. Identifique onde dá para cortar ou reduzir sem afetar sua qualidade de vida. Como Cerbasi ensina, aprenda a distinguir necessidades vs. desejos – primeiro pague o que é essencial antes de gastar com o que é supérfluo. Um exercício útil é fazer duas listas: de um lado gastos obrigatórios para viver (moradia, contas básicas, alimentação, transporte, medicamentos) e do outro gastos desejáveis porém dispensáveis (streaming, pedidos de lanche, compras por impulso). Essa visualização ajuda a priorizar o que é realmente importante.
- Metas Financeiras: Esta categoria é frequentemente esquecida, mas fundamental. Separe uma parte do seu dinheiro para seus objetivos financeiros antes de gastar com os demais supérfluos. Pode ser uma quantia para poupar todo mês visando aquela meta que você listou (fazer uma viagem, montar reserva, investir para comprar algo maior no futuro). Se possível, trate sua meta como “obrigação consigo mesmo” – assim como você paga o boleto, “pague” seu próprio cofrinho todo mês. Muitos de nós primeiro pagamos todos os outros e nunca guardamos nada pra nós; inverta essa lógica quando der. Cerbasi recomenda “pague-se primeiro” como forma de forçar a poupança.
Com tudo anotado e categorizado, calcule sua receita total mensal menos as despesas totais. Esse é seu ponto de equilíbrio. Se as despesas superam a renda, você está no vermelho e precisa ajustar imediatamente (veremos adiante como cortar gastos e renegociar dívidas). Se há sobras, ótimo – definiremos o destino delas (investimento, quitar dívidas mais rápido, etc.).
Enxugando gastos: Com o raio X das despesas em mãos, comece a cortar ou reduzir excessos. Priorize cortar itens da categoria “supérfluos” antes de sacrificar necessidades. Algumas dicas práticas em linha com as sugestões da Nath Arcuri e Gustavo Cerbasi:
- Cancele serviços desnecessários: Sabe aquela assinatura que você nem usa? Taxa de pacote de banco que poderia ser isenta? Academia que você não frequenta? Corte essas “sujeiras pesadas” que comem seu dinheiro sem retorno.
- Negocie tarifas e planos: Ligue para operadora de telefone/Internet para buscar um plano mais barato, renegocie pacotes de TV, peça isenção de anuidade do cartão. Pequenas economias fixas melhoram o fluxo mensal.
- Estabeleça limites para lazer: Não é preciso zerar a diversão, mas crie um orçamento de lazer. Ex: “posso gastar R$300 por mês com saídas e pedidos”. Dentro desse limite, busque opções econômicas (cupons, restaurantes mais baratos). Como Arcuri diz, você não precisa abrir mão do que gosta – apenas encontre formas mais baratas de curtir.
- Evite compras impulsivas: Adote a regra de esperar 24 horas (ou 30 dias, para valores maiores) antes de comprar algo não planejado. Muitas vezes, passado o impulso, você desiste ou encontra alternativa. Lembre-se da pergunta-chave: “Eu realmente preciso disso?” – esse questionamento simples freia muitos gastos desnecessários.
- Substitua marcas ou hábitos caros: Experimente marcas mais baratas no mercado, corte aquele cafezinho diário da padaria (faça em casa), leve lanche de casa em vez de comer na rua, vá de transporte público quando der em vez de carro de app. Pequenas trocas geram economia significativa ao longo do mês.
Monte então seu orçamento básico mensal: some todos os gastos fixos e variáveis essenciais (aqueles que não dá para cortar), inclua uma previsão realista para gastos extras/imprevistos (ex.: R$100), defina um valor para lazer que caiba no que sobrar, e determine quanto vai para suas metas (poupança/investimento). A soma de tudo não pode ultrapassar sua renda. Se ultrapassar, precisa cortar mais despesas ou aumentar a renda (veremos adiante ideias de renda extra). Ajuste até fechar a conta. Esse orçamento é seu plano de voo a cada mês.
No dia a dia, anote os gastos menores para não perder o controle – mas não precisa pirar registrando centavos eternamente. Thiago Godoy comenta que não é necessário anotar “absolutamente tudo” para sempre, pois isso consome muita energia e pode desanimar. O mais importante é identificar seus principais padrões de gasto, saber quanto da renda está comprometida e onde é possível reduzir. Depois de ajustado, mantenha um acompanhamento periódico (por exemplo, checar semanalmente se está dentro do planejado) e ajuste o que for necessário no mês seguinte. O objetivo é que seu orçamento seja sustentável – ou seja, suas despesas caibam confortavelmente na sua renda, com espaço para algum lazer e para poupar um pouco. Isso traz tranquilidade, pois você sabe que seu custo de vida está adequado ao que você ganha.