Reserva de emergência
Montando sua reserva de emergência
Um dos pontos em que todos os educadores financeiros concordam é a importância de ter uma reserva de emergência. Gustavo Cerbasi ressalta que um fundo de emergência protege você de imprevistos como problemas de saúde, perda de emprego ou despesas inesperadas. Sem essa reserva, qualquer percalço obriga a novos endividamentos ou sacrificações.
Mas o que é exatamente? É uma quantia de dinheiro guardada e disponível para usar somente em caso de emergência real. O ideal clássico é acumular de 3 a 6 meses de suas despesas mensais. Por exemplo, se você gasta R$2.000/mês com tudo, deveria ter de R$6.000 a R$12.000 guardados. Assim, se perder renda, consegue se manter por alguns meses enquanto se reorganiza.
Nath Finanças sugere somar seus gastos fixos + variáveis de um mês típico e multiplicar pelo número de meses de segurança desejado. Quem é CLT e tem estabilidade pode visar ~3 meses; autônomos, profissionais liberais ou famílias com filhos talvez optem por 6 meses ou mais, por terem riscos maiores.
Como formar a reserva? Inclua no seu orçamento uma parcela para isso, como se fosse um “boleto” que você paga a si mesmo. Quando sobrar um dinheirinho extra, direcione também para a reserva. Lembre-se: não espere sobrar, faça sobrar guardando antes – nem que seja R$50 por mês no início. O importante é criar o hábito.
Onde guardar? A reserva precisa ter baixa volatilidade (segurança) e alta liquidez (poder sacar rápido). Nada de investir reserva de emergência em ações ou imóveis, por exemplo. Os especialistas recomendam aplicações conservadoras como:
- Poupança? Tem liquidez diária e segurança, porém rende pouco (às vezes perde para a inflação). Serve de início, mas existem opções melhores.
- Tesouro Selic: Título público atrelado à taxa Selic; é muito seguro e você pode resgatar em 1 dia útil. Rende próximo à Selic (juros básicos) diariamente, melhor que a poupança. Bom para reserva.
- CDB de Liquidez Diária: Muitos bancos oferecem CDBs que você pode resgatar a qualquer momento, rendendo um percentual do CDI (próximo à Selic). Cerbasi cita esses CDBs e o Tesouro Selic como ótimas opções de baixo risco e saque rápido para a reserva. Alguns rendem até mais que 100% do CDI, o que é excelente para curto prazo.
- Fundos DI simples: Fundos de renda fixa com taxa zero, que investem em títulos pós-fixados seguros, também podem servir (mas atenção a IOF se resgatar antes de 30 dias e eventuais taxas).
- Conta remunerada: Hoje, fintechs e bancos digitais oferecem contas que rendem 100% do CDI com liquidez diária. Também podem ser usadas para reserva – dinheiro fica rendendo e disponível.
Nota: Evite deixar a reserva “debaixo do colchão” ou parada na conta corrente. Além do risco de roubo/desvalorização, o dinheiro perde poder de compra com o tempo (inflação). Aplicando em algo seguro, ele ao menos acompanha a inflação ou rende um pouquinho.
Vá acumulando mês a mês até atingir o valor-alvo da sua reserva (pode demorar um ano ou mais, tudo bem). Depois de formada, mantenha esse dinheiro separado e só use em urgências reais. Disciplina aqui é chave: não gaste da reserva para oportunidades, férias, presentes – ela é seu airbag financeiro, use só em caso de acidente. Se precisar usar, reponha assim que puder.
Uma reserva de emergência bem feita traz enorme tranquilidade. Como Thaler e Shefrin apontam na teoria do mental accounting, separar esse dinheiro num “bolso mental” à parte ajuda a não usá-lo em tentações do dia a dia. Siga essa sabedoria: conta separada, fora da vista na hora de gastar.